sábado, 31 de julho de 2010

~Carol

Há algum tempo, quando eu tinha 19 anos, existia essa tal garota, chamada Carol; ela não era como uma garota qualquer, ela tinha perdido algo muito importante.
Carol era extremamente inteligente, fazia tudo com uma graça incrível, tinha um tom misterioso, você nunca sabia o que ela estava pensando e, apesar dela não ser alguém que se destaque muito para mim, Carol ganhou minha atenção por causa de sua intrigante história.
Nós mal nos conhecíamos, apenas de vista, ela morava na mesma rua que eu, até que, após um dia árduo de trabalho, eu vou a um bar para beber e a encontro na mesa dos fundos, com um olhar triste e cabisbaixo. Eu peço uma cerveja e me dirijo até ela. Pergunto se posso sentar e ela apenas diz que sim com a cabeça. Quando perguntei o motivo dela estar tão triste, ela relutou um pouco a dizer, mas acabou cedendo.
Essa, meus caros amigos, será a história que contarei-lhes hoje. Desculpe se eu não lembrar as palavras exatas, mas faz muito tempo e eu já não sou tão jovem... sem mais delongas, aqui vai:

"Bom, vou contar-lhe a história desde o começo: eu tinha uma vida sossegada com meu pai e minha mãe, até que um dia, quando eu tinha 6 anos, meu pai se apaixonou por uma mulher mais jovem e fugiu com ela, minha mãe ficou devastada, mas saía de casa, até que umas amigas pediram para ela sair e conhecer um novo rapaz, se divertir.
Foi o que ela fez, após uma noite, quando a festa tinha acabado, um cara havia oferecido uma carona, que ela aceitou.
Após isso, eles mantiveram contato, saíram algumas vezes e quando ele vinha buscar ou deixar mamãe em casa, era sempre gentil comigo. Até que, quando eu completei 7 anos, eles casaram.
Nos primeiros meses era uma maravilha, mas uma certa noite, quando mamãe tinha ido à despedida de solteira de uma de suas amigas, Paulo, meu padastro, começou a me olhar diferente. Eu estava sentada no chão brincando com meu ursinho de pelúcia e vi ele mordendo os lábios com um sorriso estranho. Até que ele se levantou e disse: 'Vem brincar com o papai, vem.'  E eu, inocente,  o segui escada à cima até o quarto. Ele segurou meu braço com força e me atirou em cima da cama, ele estava todo agitado e suando e ficava repetindo todo o tempo: 'Não fale nada, sua vadiazinha.' Eu estava apavorada, me agarrei ao meu ursinho e comecei a chorar baixo enquanto ele se despia. Então, ele começou a cantar e a vir pra cima de mim: 'Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta.' E foi então que eu deixei meu ursinho cair.
Anos se passaram desse jeito, eu queria contar para alguém , mas ele disse que se eu contasse, mataria minha mãe. Então, um dia, quando eu tinha 16 anos, tomei coragem e contei à minha mãe, mas ela não acreditou e disse que eu estava assistindo filmes demais.
Essa foi a gota d'água, eu precisava achar um modo de acabar com esse sofrimento, eu precisava!
Foi aí que uma ideia surgiu: eu iria matá-lo!
Então, em uma manhã ensolarada de junho, minha mãe foi fazer compras e eu estava picotando algumas verduras para o almoço, quando ele chegou por trás de mim e começou a me apalpar e a tirar meu short.
Pronto, aquela era minha chance, segurei a faca com força, me virei e acertei o coração miserável e sem cor dele.
Aquilo me fez sentir tão bem que, ao olhar o corpo sem vida no chão, eu comecei a esfaqueá-lo e a cortá-lo em pedaços.
Mas o sofrimento ainda não tinha acabado, eu precisava dela de volta, eu preciso recuperá-la!"

Então, Carol puxou uma arma de sua bolsa, apontou para sua cabeça, sorriu e... atirou.
Eu entrei em pânico, comecei a gritar por ajuda e quando eu me levantei para ver se, por algum milagre, ela ainda estava viva, eu vejo ela segurando firmemente, com sua outra mão... um ursinho de pelúcia.

Nesse momento, eu soube que ela achou o que tinham tomado dela há tempos.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

~Desabafo

Nem consigo acreditar que estou sentindo algo por ela, acredite, isso é novo até para mim.
É tão única a sensação de estar feliz simplesmente porque essa pessoa existe, mesmo que ela não sinta o mesmo por mim, é reconfortante a ideia de poder passar a tarde toda conversando com ela, de olhá-la e admirar seu sorriso (que, mesmo com aparelho, creio ser o sorriso mais lindo do mundo), enfim, só por poder estar ao seu lado isso já basta para mim.
Quando eu a conheci, achei estranho meu coração bater descompassadamente, como se uma onda de adrenalina percorresse pelo meu corpo, minhas mãos e pernas tremendo, como se eu estivesse prestes a cair, mas só sua presença que fazia evitar minha queda; agora nem ligo mais, acho que já me acostumei.
O canto do rouxinol não se compara com sua voz, que soa, para mim, como o canto de anjos, se é que eles existem; o mais fresco e limpo ar que exala das florestas não se compara com sua essência; o prazer de admirar o mais lindo pôr-do-sol não se compara com a sensação que eu tenho ao vê-la.
Chamem-me de louca por dizer isso! Talvez eu seja mesmo, deveria ter nascido em outra época, onde o amor não era tão clichê e subestimado.
Acho que nem as mais belas frases conseguem dizer o quão ela é especial, então, retiro-me com esse singelo desabafo.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

~Felicidade

Como é que eu posso mudar de estado tão rapidamente?
Passei toda a semana triste por causa de uma grande amiga que, por motivos desconhecidos, eu não estou falando e, de repente, por causa de uma coisa que uma garota falou, eu fico totalmente feliz!
Incrível como algo tão simples pode me deixar extremamente feliz, cheguei até a me pegar rindo sozinha no jantar.
A maioria pode pensar que é até besteira, que eu não deveria estar tão feliz como estou.
Eu não conseguiria descrever o que estou sentindo de outra forma. É algo que raramente eu sinto com tão força e fico contente por ainda conseguir sentir-me desse jeito.
Só queria dizer algo: obrigada!

♫ Never knew I could feel like this
Like I have never seen the sky before ♫

 

terça-feira, 13 de julho de 2010

~Amor

O amor é um sentimento tão lindo e poderoso que consegue até atravessar as fronteiras do espaço e do tempo. É o sentimento mais puro que existe, sendo ele amor de um casal apaixonado, de mãe para filho, de uma fão para o seu ídolo; não importa de quem seja ou para quem seja, não importa se é certo ou errado, não importa se alguém diga que é impossível, o importante é que você ame!
Mas daí vem outra pergunta, o que, diabos, é o amor?
Eu gosto de definí-lo como algo tão forte que você sente por alguém (ou algo) que é capaz de fazer de tudo para que a pessoa amada seja feliz, meso que isso signifique abrir mão da sua felicidade. É um sentimento que faz você querer estar para sempre ao lado dela, que, mesmo depois de tanto tempo, faz você perder o ar ao vê-la, que faz de você a pessoa mais feliz do mundo só por ela existir, que te faz escrever poemas e cartas que, talvez, nunca serão lidas, que te faz sentir-se... completa.
Hoje em dia, se você for falar isso para alguém, vão te chamar de louco.
Há várias situações em que o amor pode deparar-se, por exemplo: o amor não correspondido, quando a sua amada não quer ter nada sério contigo e você faz de tudo para que ela possa sentir o mesmo. O amor vencido, quando você ama alguém e, de repente, esse sentimento desaparece e você começa a se perguntar o que fez de errado, mas essa é uma das muitas coisas que não tem explicação, simplesmente acontece. E, o pior e mais cruel de todos, o falso amor, malditas sejam as pessoas que mentem sobre isso, ela diz que te ama, faz você ficar perdidamente apaixonada e, depois, você se dá conta que não é a única que escuta essa mesma porcaria; o que me deixa mais curiosa é por que mentir, por que?
Apesar de todos os "poréns" o amor é algo único e não deveria ser pronunciado em vão.


domingo, 11 de julho de 2010

~Escolhas

Algumas semanas atrás, em uma tarde ensolarada de novembro, olho pela janela e vejo uma velha senhora passar lentamente e observando tudo, ela leva consigo duas bagagens, na maior está escrito "O que eu deveria ter feito" e em uma malar bem menor que a anterior "O que eu fiz". Vejo-a sentar em um banco e ela permanece um bom tempo olhando para as malas com um olhar triste e cabisbaixo. Até que ela resolve abrir a mala maior e perde-se em pensamentos, passei um bom tempo observando-a e imaginando o que ela estaria pensando... E, do nada, ela se levanta e deixa a mala de "O que eu deveria ter feito" para trás.
E foi então, que hoje, ao andar pelas ruas do centro da cidade, avisto-a ao longe e vou correndo em sua direção para perguntar o porquê dela ter deixado a mala e ela me respondeu "Porque eu percebi que existem várias escolhas que eu poderia ter feito, mas as que eu fiz moldaram-me no que eu sou hoje, nem pior, nem melhor, apenas meu eu verdadeiro. Não tente voltar atrás e tentar ser alguém melhor, porque as escolhas que você fez não aconteceram por acaso. O importante é nunca olhar para trás, por mais difícil que esteja. Isso, criança, é o que vale a pena."

~Juventude

Juventude fabricada, moldada pro mãos de terceiros. Juventude fútil, perdem-se em bebidas e drogas. Juventude preguiçosa, se acomodaram tanto nesse mundinho que qualquer esforço é demais. Juventude egoísta, só se preocupam com si próprios. Juventude alheia, não ligam com o que acontece no mundo.

Mas, felizmente, existe outro grupo de jovens.

Juventude inovadora, fazem de tudo para serem independentes do padrão da sociedade. Juventude consciente, definem seus próprios valores. Juventude conquistadora, faz de tudo para que seus esforços gerem benefícios. Juventude solidária, pensam em conjunto. Juventude ecológica, querem transformar o mundo em um lugar melhor para viver.


~Sonhos

Era uma vez uma garotinha cheia de sonhos, ela sempre construía um mundo à parte em sua cabecinha, um mundo sem violência, onde as florestas não eram devastadas compulsivamente, sem problemas ecológicos, sem guerras, sem alguém impondo regras, sem capitalismo, onde todos os animais e pessoas seriam livres, sem pobres nem ricos, um mundo onde ela conseguia ser feliz.
Ela sempre usava vestidos, sejam eles curtos, longos, cheio de babados, simples, com estampas, coloridos. Mas o seu favorito era um branco que sua mãe tinha dado à ela no seu aniversário, branco, a cor da paz, da pureza do espírito, harmonia, a junção de todas as cores do espectro.
Um dia seu irmão lhe disse "Criança, é melhor você começas a viver a realidade e parar com esses sonhos utópicos" ela deu um sorriso e respondeu "Não, por mais utópicos que sejam, são meus sonhos, minha salvação desse mundo doentio e eu sei que lá minha inocência nunca estará perdida."
E foi assim que, em seus sonhos, ela viveu feliz para sempre.


 

terça-feira, 6 de julho de 2010

~Impotência

Ah! por toda minha vida
Me deparei por vários problemas,
As vezes levo dias, semanas
Ou até anos
Para que eu consiga resolvê-los.

Problemas familiares
Eu tenho poucos.
Problemas com amigos
Não tenho,
Pois amigos de verdade não possuo.
Problemas amorosos...
Ah! já nem posso contar nos dedos.

Mas o pior de todos os problemas
São os que não tem nada a ver comigo,
Mas, de uma forma ou de outra,
Eu me acho envolvida
E encontro-me cercada pela impotência.

Impotência de querer resolvê-los,
Mas não poder resolvê-los,
Pois existe forças muito maiores que eu
Que me impedem de concluí-lo.

O que mais me deixa angustiada
É que, até agora,
Eu nunca senti a necessidade
De ajudar os outros
E eu me sinto perdida,
De olhos vendados
Nesse mundo que eu nunca explorei
E eu preciso de alguém
Que aponte a direção correta
Para que eu possa ajudar minha pequena.

Ela aguentou tão bem até agora
Sem minha ajuda,
Mas chegou um momento
Em que eu não conseguia mais ficar parada,
Olhar tudo isso
E fazer absolutamente nada.

E quando eu decidi
Fazer algo, percebi que
Não havia nada que eu podia fazer.

Eu me senti uma inútil
E esse sentimento
Vem devorando cada parte do meu ser.

Foi aí que eu me dei conta
De que ela é a única pessoa
Que eu realmente me importo.

Eu quero construir uma
Fortaleza em volta dela
Para que nenhum mal, nenhuma tristeza
Possa atingí-la.
Quero abraçá-la
Para fazê-la se sentir segura.
Quero ouvir
Todos seus desabafos,
Mesmo os mais bobos.
Quero dizer em seu ouvido
Que eu estou aqui quando ela precisar.

Mas, enquanto eu não posso,
Sinto-me obrigada a
Deixar como está.

domingo, 4 de julho de 2010

~ Ode à Noite

Caminhando através do breu da Noite
A espera de algo...
Não esperando, não... caçando!
Caçando em sentimentos alheios
Os meus próprios sentimentos,

Procuro, caço, procuro, caço
Acho, deleito-me!
Mesmo sendo sentimentos forjados.

Na escuridão eu posso ver
O fingimento de sentimentos
Ah! o fingimento!
Só pode ter sido os deuses
Que inventaram algo tão complexo.

Em mãos certas é algo lindo, poderoso,
Perfeito!
Mas quando é manipulado por mentes fracas
Se torna algo insípido, feio,
Desprezível!

Caminhando através do breu da Noite
Eu treino meus olhos
Para verem o que não pode ser visto,
O que é escondido tão bem
Que você nem desconfia que é só uma mentira.

Uma vez adentrando a escuridão
Você consegue enxergar toda a podridão do mundo
E lutar para que não atinja você.

A claridade é terrível,
Ela nos manipula,
Ela nos cega.
Está tudo à nossa frente,
Mas não conseguimos enxergar o óbvio.

Caminhando através do breu da noite
Eu posso viver!
Sinto-me livre de tudo,
Pois ninguém estará lá para me julgar
Ninguém ira definir pré-conceitos.

Eu estou sozinha,
Na Noite não há ninguém,
É um lugar perfeito
Pois é um mundo que eu mesma criei
Somente para poder viver!

Eu não consigo mais nem existir
Nesse mundo claro e real
Onde as pessoas (sobre)vivem por trás de máscaras,
Tentando parecer alguém melhor,
Alguém criado, insípido, falso!

Abro meus olhos,
Não é mais noite, já é dia
E agora tudo o que eu consigo ver
É o que eles querem que eu veja,
A (in)realidade.